Uma estória de atracção, romance, drama, faca, cama e alguidar (cheio de lágrimas até às bordas)...condenada à nascença.
Perante o mote, impõe-se uma pergunta grande e balofa: serão todos os homens do mundo justos habitantes da gaveta dos “Conas de Sabão”??
A pergunta coloca-se porque… it seems like it! De uma forma de tal maneira vincada e exasperante que, ainda mais fortemente que a pergunta, impõe-se a elaboração de uma descrição do conceito. Vamos lá:
C**** de Sabão
//s. m.
1. Palavra duplex composta pelo primeiro andar ‘c****’ e pelo segundo andar ‘sabão’. Ligados pela conjunção ‘de’.
2. Uso do termo que designa o órgão sexual e reprodutor feminino na sua forma suprema do calão por via a conferir um cariz de humilhação e troça ao objecto designado.
3. Uso do termo relativo à substância própria para lavagem e higienização por via a conferir um sentido do dever, do socialmente instituído, do cumprimento das regras, do ser dentro da norma, etc. ao objecto designado.
4. O uso dos dois termos em simultâneo produz o significado de algo ou alguém – espécime masculino – a que ou a quem falta virilidade, força e potência. Numa interpretação mais ampla pode ainda significar inacção; passividade; cobardia; etc.
Jogo de vocábulos: ironia / trocadilho \\
Inglório ou não, está feito o esforço por definir o termo e, atrevemo-nos, o que importa é o que se sente ao despeja-lo boca fora e não exactamente a coisa em si, etimologicamente falando. Bom… (estalo de língua) se a expressão tem uso e vem do povo, é porque o povo que é sábio sabia que era preciso nomear os ditos, aqueles que assombram a existência delas, as desgraçadinhas de serviço que os encontram pelo caminho.
Agora é que são elas. Coitadas, pobrezinhas… desgraçadas das que se cruzam com os ensaboados como pura forma de castigo de pecados cometidos, quiçá de crimes perpetrados…contra a Humanidade (só pode)! O que é que uma mulher poderá ter feito de tão grave e tão horrível para lhe acontecer uma desgraçada dessas na vida?! E, o que pode ser pior que uma desgraça? Várias desgraças. Desgraças em catadupa! Sim porque, consta que, estes encontros inóspitos das desgraçadinhas com os conaças não são marcos ao estilo once in a lifetime, não… a realidade é bem mais cruel, também, se assim não fosse, não seriam as ditas desgraçadinhas e sim outra coisa qualquer mais leve e menos negra.
Ok. Recapitulando: eles são c**** e elas desgraçadas. A ironia mais profunda da questão é que elas só o são por eles o serem. E eles são-no porque elas o permitem, mais que não seja, porque é, rigorosamente, do ‘sítio’ que agora lhes chamamos que elas/nós de lá os tirámos porque outros da espécie deles os lá meteram e como tudo o que entra sai… (!)
Enfim…no fundo, não deixa de ser simbólico que tenhamos chegado a uma salada russa deste calibre porque este casamento destes eles com estas elas é a maior salada de todas e com molho agridoce! No início, eles envolvem-nas a gosto com as tenazes hábeis mexendo bem a salada até ficar no ponto. Depois há um ponto em que elas, cheias dos temperos todos do charme-sabonete percebem a cruel mas muito real necessidade de abandonar a saladeira para bem longe daquelas bolhas de sabão. O processo, esse é que nunca é fácil. Ou é porque os da saboneteira até cheiram bem – desgraçadas delas… Ou é porque a tenaz aperta aqui e ali tão agradavelmente…e aquilo que deveria irritar e endoidecer, vira vício de repetição sucessiva e incontrolável! - desgraçadas delas… Ou, no limite dos finalmente, aparece um outro c**** de galheteiro e saladeira na mão e a dita que já era desgraçada vira fórmula dupla da desgraça e mergulha na crença de que é mesmo verdade…eles são todos iguais e o mundo é uma bolha de sabão!!
Se assim não é, por onde andam os que não cheiram a sabonete e fazem e acontecem, concretizam o que dizem, agem segundo o que pregam e não pregam em demasia estilo Santo António aos peixinhos?? Por onde andam esses que não dizem ‘é complicado…’ quando a hora H espreita e é preciso andar para a frente?? Onde raio se meteram os que põem as cartas todas na mesa?? Onde será que se enfiaram os homens que “matam a cobra e mostram o pau”?? …
As desgraçadas coitadinhas só queriam parar de gastar a tinta das paredes nas sessões sofridas doloridas de escorregadelas pela parede abaixo em slow motion com banda sonora condizente de fazer chorar as pedrinhas da calçada portuguesa daquelas de espaçamentos largos como os do Chiado… do que elas precisam é de se levantar do chão e “laurear a pevide”!
O casamento acabou.