… a certeza de que isto somos nós. As conversas ajudam a contar.
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Dez 11
ab-so-fucking-lu-tely, às 02:14Link | Comentar | Absolutamente adorável!

15º domingo na Venda do Pinheiro, noite de Natal, rescaldo de Consoada e, ao invés de ter percorrido o corredor em neon qualquer coisa como... vestida de duende, ou rena ou, quiçás até (!), Mãe Natal, Tété apareceu-nos, qual Virgem Maria aos pastorinhos, mascarada de Aurora, a Bela Adormecida, de vestido rosa de laço ao centro, ombros em gódes e tiara por entre os caracóis largos e loiros.

Verdade.

Por mais trocadilhos natalícios que a Princesa da Disney do Pinheiro tivesse guardados na manga e nos cartões, acho que todos desligámos o "Canal Natal" e entrámos num túnel do tempo de volta à infância, com o twist macábro da Princesa estar sob a maldição "tenho 56 anos, descarrego 12 vocábulos por segundo e tenho um queixo avançado". 

 

Estávamos ao portão do Reino da Fantasia, a EuroDisney do Pinheiro, prontinhos para entrar e andar na montanha russa de emoções e no Carrossel de Chávenas cheias de pérolas da Língua Portuguesa. 

Afinal não era Natal, tudo não passou de um delírio gripal de Tété Aurora Grimaldi Guilherme que teve assim uma vontade incontrolável de manipular os seus soldadinhos de chumbo junto às labaredas mornas da lareira dos segredos. 

Decidiu agarrar secretamente e à vez nas mães dos meninos e meninas e enfiá-las uma a uma junto das suas crias no confessionário-incubadora. 

Um a um, lindos bailados emotivos sobre o gelo com saltos e arabescos e manobras e algumas quedas aparatosas no estúdio e no cubículo. Uma maravilha encantada cheia de lágrimas e purpurinas. 

 

O que para a Manelinha Moura Guedes "foram cardos, foram prosas", para todos os reality-finalistas mais o expulso (ou expulsa)-to be, foi poesia da mais voltada ao sentimento e ao despedaçar das pedras da calçada. Tété Aurora lançava na sua voz de nariz entupido: "Vá... o que é que nunca disse à sua mãe que lhe quer dizer agora??" e: "... a sua irmã já chora aqui no estúdio!" e até (no auge da febre!) um: "... já disse ao seu pai que, para o ano, pode contar comigo para uma perninha de santola!"

 

Sem pausa para cafézinho, não houve tempo para descansarmos o ouvido dos infindáveis e entrelaçados "amo-te muito meu filho! eu é que te amo mãe! não, eu é que te amo filho! não, eu amo-te mais mãe!..." da família algarvia do (b)iolentado, já entrava o molde da peça de loiça de seu nome Fanny, de capacete loiro, tigresse, peles, pronuncia de Azeméis e remix francó-tuga a cada final de frase. Confere, mes amis, la mère de Fanny. 

 

Quando já se figurava um jeitoso desafio tentar distinguir Fanny por entre o rosa do sofá e o do blush all over, passámos para o nível 2 do arcade game. Ganhava quem conseguisse entender o fiel sentido das frases da dupla de pinipons e aguentar 20 minutos de: "juro-te Fanny! Je t'aime! Tás tãoê boua!"

Fannyzita (a)quaise que partiu u'j'ossinhos à mãê e a mãê não s'importou nada porque a'junhas da filheinha tavam tãoê lindas! 

Sô Fernando, estrela da companhia, esteve sempre muito apagadito e adormecido. Não arrebitou o bigode nem mesmo depois da filheinha repetir pela trilionésima vez as saudades que tinha do cumére dele e da sua senhora ter dito à filheinha que "desviraram o mundo inteiro por ela!" 

Mas Fannyzinha não tinha só fome do comére do paiê, ela também queria saber nobidades de fora da Maison: "Mãê! O Diôugo?" (...) "O Diôugo?... Depoij'agente fala!" 

E lá voltou D. Conceição a afogar a filheinha por entre abraços sufocantes e repenicados "je t'aime! je t'aime!" até Tété Aurora obrigar em tom sofrido anasalado Fannyzita a expulsar a própria mãe para fora do confessionáriozito. Uma (b)iolência.

 

Seguiu-se a família Jesus  e fomos todos dormir e a EuroDisney encerrou por quebra geral de energia.

 

(...)

 

Não foi assim, mas podia ter sido! Porque se o menino não adianta discurso livre e solto naquele sofá, com a mãe Graciosa ao lado parecia que lhe tinham cozido a boca com fio de nylon!

Imaginei uma substituição à Futebol: "sai JJ com o número 0 à esquerda! Entra o seu cavalo cruzado com o número 100, como os 100 euros que vale!" Ninguém iria notar a diferença e a TVI assinava mais um marco televisivo para figurar nos anais da História. 

 

Para quebrar a paragem cerebral colectiva, ecoou pelos céus da Venda um chamamento à Suuuuper Cátia! e ela chegou, cumpriu e não desiludiu. 

Falaram de Lucy Carolina, a tartaruga adoptada dos Segredos e da imensa emoção e amor fraternal que Cátia sente na presença destes fofis e fascinantes cetáceos.

Temos de compreender e aceitar. Cátia Palhinha não tem culpa, nasceu assim "mais sensível a nível animal". Tanto que, quando vai ao Zoomarine,  é bém capaije de lá entrar às déje horas manhã e tár até às sêis da tardsse todsse o tempe a chorar! É assim mèsme... a raparigã emociona-se, prontes. 

Tété Aurora compreendeu e aceitou e também se emocionou com este lado animal da heroína dos Segredos. Com este e com o outro lado da piquena, o lado que estiver mais à mão (ou ao pé) "...do'jóméins Teresã! Qué que tém? S'até oj'animaizinhes gostam, néi?!"

É Cátia. (A)tão na é? 

Super Cátia não é burra nenhuma. Ditou o pequeno "braço no ar" que Tété Real dinamizou em pleno estúdio. Resultado em nada abalado pelo bracinho contrário de Miss Susana Siliconada e Sucessivamente Achincalhada. Carissíma Rainha das Stripers, Cátia é mocinha para ganhar isso, sair lá de dentro com a mala do dinhêre, de braço dado com o teu ex-pasteleiro, meter-se a estudar para Técnica de Raio-X, abrir um Cabaret de seu nome "Lucy Carolina Royal Plazza" e, quando e se, te encontrar nesses caminhos de Portugal (ou do Luxemburgo), olhar para ti e dizer-te um valente "Txau Laura" depois de te perguntar se já ''pusestes mais silicone"! 

E mais! Se o segredo da pobrezita não tivesse sido "dadsse" pela "voije" aos outros numa bandeja, Super Cátia agarrava nesse bónus do segredo e construía, mas for sure!, um berçário de tartarugas no quintal da sua casa em Portimão profundo. Assim como assim, ela comprrendsse muite melhór as tartaruguinhas e as suas lágrimas do que o conceito de ''réplica de cão em pelúcia". 

 

 

Again, Super Cátia brilhou, Susana chorou (e calou fundo), o Marco deixou a dúvida no ar e as calças em baixo para podermos todos ver as boxers com o puzzle à là Cátia. Nem no Natal Fantasia a coisa muda...

 

No climax das voltinhas do Carrossel, Fannyzita recebeu o passe-vit vit allez allez para saltar cá para fora e vir para os braços do seu paiê, Sô Fernando sósia do Quim Roscas e abotoar-se aos dinhêiros que o seu herói de bigode tem feito nas discódancings desse Portugalinho (a)fora! 

Sô Fernando não desiludiu nesta que foi a noite áurea da sua existência pública. Desencantou uma claque para a filha com direito a t-shirts, aplausos e cânticos estridentes. Mas todas as horas sentado na cadeira do "Pluma Azul" valeram a pena. A sua princeseinha atirou-lhe para as bancadas um sonoro "Paiê! É'ju homéim da minha (b)ida!" E no finhê... nada de Diôugo. 

Sô Fernando, é'ju meu heróê. 

 

 


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